Olá Mães,
Hoje é o merecido dia das minhas folgas e essa é a terceira
vez que eu estou tentando escrever no blog. Você mulher, quando foi a última
vez que você ficou sentada lendo um livro, tomando um café, um chá, uma cerveja..sei
lá... ficou lá na sua, sem pensar em nada, sem se preocupar com absolutamente
nada sem pensar em prova, trabalho para entregar, problemas com a família e
nada. Difícil... principalmente que hoje em dia todos nós, não somente as mulheres,
vivemos nessa geração ultra conectada, onde vivemos competindo com nós mesmo e
para ser vencendor você tem que ter casa, carro do ano, família e tudo até aos
40 no máximo. Nesse clima de corrido pelo sucesso surge nós, mulheres e mães.
Muitas de nós de periferia, que luta por seus sonhos enquanto amamenta. Então
para você que esse momento de folga é raro, para nós é uma mistura de dadiva e
pesadelo.
Acabei de voltar da minha quarta pausa para formular esse
texto, dessa vez achei que nem ia voltar, mas estou inspirada e gosto de
aproveitar esses momentos. Acabei de trocar fraldas sujas dar banho em duas
crianças e fazer almoço e colocar uma delas para dormir enquanto Renan acalmava
e colocava Jonas para dormir, depois foi a vez de Lívia dar aquele chilique pré
sono e lá foi ele acalma-la para eu comer. Agora estamos vendo jogo do flamengo
enquanto eles dormem. Essa foi uma tarde do meu dia de folga, e foi tranquilo,
geralmente ainda estaria dando uma faxina no quarto. Claro que eu ainda quero
dar uma estudada, ver os episódios de Justiça que eu perdi (pior que mesmo
sendo da globista é uma série boa), e ver a minha lista de série que esta
atrasada. Esse post era para ter saído ontem , enquanto não tinha atendimento no
trabalho (fim de semana é uma marasmo só), mas estava cm dor de cabeça então decidi
ficar na minha e no máximo fazer as unhas
Essa é só parte da minha rotina, é assim que eu vivo,
fazendo duas coisas ao mesmo tempo, pensando em uma terceira e quarta que ainda
quero fazer, acabo fazendo uma quinta coisa não concluo uma sexta e acabo
frustrada por não ter terminado o dia feito tudo que eu queria. Se hoje eu
trabalhei mais que estudei, me sinto péssima, porque o estudo é parte
fundamental para o meu sonho no futuro. Mas se deixo o trabalho de lado temo
ser demitida. Quando passo o dia inteiro me dedicando as crianças sinto que eu
sou uma pessoa muito relaxada, quando não, acho que sou uma mãe horrível. Me
sinto irritada por não conseguir fazer outras coisas que eu gosto, ver séries,
filmes, hidratar os cachos e cuidar da minha aparência. Não que eu seja muito vaidosa,
mas assumo que gosto de uns batons da moda e me sinto outra pessoa quando estou
de unhas vermelhas (ai que raiva gol do Chapecoense...ai meu Cartola
Rafael...se esse vizinho continuar batendo na parede e acordar as crianças vou
dar um soco nele).
Eu e Renan dividimos muito os cuidados das crianças e da
casa, mas ele também fica sobrecarregado como eu, afinal são duas crianças e
compartilhamos da mesma correria que é se formar e cuidar dos filhos. Mas acho
que me cobro mais, não que ele não se preocupe, sim ele se preocupa, ele tem
tantos sonhos quanto eu. Mas eu sou mais sistemática. Acredito que todos estão
a fim de dizer que eu nunca vou conseguir ( droga meu cartola caiu para 33
pontos) saber equilibrar carreira e filhos. Sempre imagino que vai ter alguém
para dizer “foi engraviar ai deu nisso...se tivesse ficado com as pernas
fechadas” e olha que meus filhos tem um time de avós e titixs que dão um banho
de amor e ajuda, como já disse antes, sou uma mina privilegiada. E Silvia, você
acha que você é assim por ser mulher? Obvio ,mas não pela minha natureza de fêmea,
mas pela preção que a sociedade faz sobre nós, que vem de tantos anos, que
quase se torna “natural”, mas não é. Isso provoca um estresse fora do normal
ansiedade, solidão e angustia. Você acorda com o objetivo único de ser a mulher-maravilha,
linda, belíssima, ultra forte, politizada, a melhor no trabalho, com o melhor corpo,
ao mesmo que é uma mulher inteligente, atenta a última moda de tudo (música,
série, quadrinhos, noticias, roupas e filmes), a mãe mais carinhosa e a melhor
educadora do século. Só que eu acordo assim e vou dormir sabendo que não sou
nada disso, estou exausta, engordando e com dores em partes do corpo que eu nem
sabia que existia. Isso é frustrante, o feminismo me ajuda a lidar diariamente que
mesmo que eu sempre tente ser melhor a cada dia, algumas coisas vão ficar
realmente fora do lugar na minha vida, e que isso não tem nada de mais, além de
que cabe somente a mim decidir o que vai ficar para depois e o que vai ser
feito agora. Porque na verdade cabe a mim escolher o que vou fazer da minha
vida e cabe a mim arcar com as consequências que vão ser proporcionais aos meus
atos e não referentes ao meu gênero e sexo.
Com esse relato eu quero deixar claro que a luta que nós
enfrentamos como feministas não é somente contra o a sociedade patriarcal, não
é só algo externo, mas também é com as marcas que o machismo deixou em nós e
deixa em nós diariamente. E isso é tão difícil. Deixar de ouvir aquela voz que
diz “ Você não consegue fazer isso, você tem que fazer aquilo, afinal, você é
mulher”. Isso também esta em você assumir que não quer ou não consegue fazer
aquilo naquele momento, não por você é mulher,
mas simplesmente porque #nãosouobrigada a fazer o que não quero ou o que
eu acho que não vai me fazer bem naquele momento, e não me sentir ruim por
isso. Vamos nos conhecer , vamos respeitar as nossas vontades e o que nosso
corpo e mente precisam. Vamos ter força para nos rebelar e acaba nos amando,
que é algo ultra difícil, mas é nossa principal e maior resistência.
Mas não vamos ficar só nisso, vamos agir, vamos ajudar
nossas irmãs. O blog Uma Mãe Feminista esta com uma campanha ótima de 30 dias de
Empatia Materna, onde fala de uma ajuda para com as mães, mas com gestos
simples. Lindo.
Bom é isso, se gostaram comentem
Att