
Então muito tempo sem passar por aqui não é mesmo?
A página continua a todo vapor, porque sempre que vejo algo que me chame atenção que eu acho que vale a divulgação eu compartilho logo na página. Nem sempre é algo positivo como foi o último caso de que o golpista Temer pretende se reunir para reavaliar detalhes da lei Maria da Penha. Mais um retrocesso. Só que as mulheres não estão dormindo, estamos atentas e atuante para defender nossos direitos com unhas e dentes.
É nesse clima de luta que venho fazer os relatos desses dois dias de manifestação que eu fiz parte contra a PEC 181. A PEC Cavalo de Troia. Antes de começar a falar sobre a manifestação em si pretendo antes esclarecer sobre o que é essa PEC 181 e o porque nós estamos lutando pelo fim da mesma.Também quero falar sobre os aspectos de aborto em geral e dizer o porque o aborto esta na pauta do Movimento Feminista e porque a legalização do aborto " É PELA VIDA DAS MULHERES". Vou nesse post me ater nesses dois pontos e no próximo eu vou falar mesmo da vivencia minha nos dois manifestos aqui no RJ e depois falar um pouco dos que aconteceram em outros Estados ( estou pensando em convidar umas amisgas minhas de sp pra falar a visão delas)
A PEC 181 começou para reavaliar a licença maternidade para crianças nascidas prematuras onde o playboyzinho Aécio Neves, dono de helicopteros cheios de cocaina e opressor da imprensa de Mina Gerais, quis fazer para estender o tempo de mãe de criança prematuras a licença maternidade. Seria lindo,mas como tudo que vem de golpista a gente desconfia. A PEC insere novas palavras que acabam delimitando o abroto mesmo em casos previstos pelo artigo 128 do Código Penal. A lei determina que não é crime aborto médico em caso de risco da vida da mãe, crianças com acefalia e em casos de aborto. Essa lei não seria mudada, o que seria mudado é quem seria responsável pelo julgamento desses casos.
Enquanto está se rolando os tramites para a PEC 181 vários políticos do Congresso expressaram a sua insatisfação com relação a Lei que permite aborto em casos específicos . E citaram que uma mudança deveria ser feita, já que na lei diz que NÃO É CRIME abortar nesses casos. O que eles querem é que diga que É SIM CRIME abortar a não ser provado que seja em um desses casos específicos. Só o fato de estar rolando essa discursarão já se torna preocupante. Porque poderia ser mera semântica,mas não é o caso. Quando se deseja alterar uma lei nunca é por mera semântica ainda mais que na PEC 181 vem embutir a palavra concepção, onde diz que os direitos da criança tem que ser resguardados desde antes dela nascer,mesmo ela dentro da barriga da mãe.
Eu sou mulher e fui violentada, descubro que estou gravida, não quero gerar esse filho, tenho que correr com advogado porque apesar da lei me permitir isso vai ter que rolar um processo longo porque, antes já era complicado,mas agora esse ser que esta dentro de mim tem direitos já que na PEC 181 diz que o direito a vida tem que ser resguardado desde a concepção. É como se eu tivesse que entrar com um processo contra o feto
Para provar que não é mera cemantica temos um relato do Mudalen a Rede Globo onde admitiu a manobra: "Essas duas palavras que colocamos é pra garantir a vida e também porque somos contra o aborto".
"É o que se chama no jargão legislativo de "jabuti". O relator, o deputado Tadeu Mudalen (DEM-SP), aproveitou o ensejo para incluir a palavra "concepção" no texto que altera dois artigos da Constituição e definir que a vida começa ainda no ventre da mãe, posição-chave defendida por aqueles contrários ao aborto como direito da mulher.
Na prática, tal definição, inserida no texto constitucional, inviabilizaria qualquer discussão sobre o aborto no Brasil, além de criminalizar os casos em que o procedimento hoje é permitido. " - Texto retirado do site Carta Capital
Isso acontece como reação as discutições que estavam ocorrendo no Supremo Tribunal Federal em decidir que nos três primeiros meses não seria crime a mãe abortar. Essa seria uma importante decisão em vitória de nós mulheres. O movimento feminista defende o aborto, não querendo que todas as mulheres abortem. As vezes eu acho que as pessoas vendem essa luta das mulheres como se fosse abortar para não gerar mais homens no mundo ( tipo as amazonas) ou como um ato de pura rebeldia sem sentido. O QUE ACONTECE NÃO É ISSO. Eu sou mãe de duas bençãos e sou a favor da legalização do aborto. NÃO QUERO QUE TODAS AS MULHERES ABORTEM. Quero apenas que quando algum meto contraceptivo der errado, ou por um deslize ingenuo, acontecer uma gestação que a ,ulher não seja obrigada a ter uma criança totalmente indesejada para ela. Ou, principalmente, que a mulher se submeta a uma cirurgia que leve ela a morte por não ter dinheiro de pagar uma clinica chique para tirar o filho. Porque aborto de mulher rica acontece e muito, como se fosse legal. O que não acontece é aborto para mulher pobre, pra elas sim é crime. Tem que dar sorte de não acontecer algo que pode causar complicações futuras, ou que leve ela a morte, e ainda corre o risco de ser presa.
Como diz uma das músicas do grito da manifestação
" Cadê o homem que engravidou?
Porque o crime é da mulher que abortou?"
Como pode um assunto inteiramente ligado a vida particular das mulheres, somente das mulheres, ser decidido somente por homens? E não homens que exercem a sua vida politica de forma laica, mas homens religiosos, ambiciosos pelos votos dos seus fieis.
Outra questão que eu acho importante falar é que o aborto não seria uma coisa simples de se fazer mesmo se fosse legalizado. Passaria por um processo de acompanhamento psicológico e seria sempre acompanhado por profissionais adequados. Não queremos algo de qualquer jeito, é realmente em prol da vida das mulheres porque hoje o número de mulheres que morrem devido a um processo abortivo provocado é de uma mulher por nove minutos no Brasil. Dos 42 milhões de abortos que se fazem anualmente 20 milhões são abortos ilegais feitos em condições pouco seguras.
"A Roménia é um óptimo exemplo para o estudo dos factores que influenciam a prática de abortos feitos sem acompanhamento médico seguro: em 1966 o aborto legal foi restringido e a taxa de mortalidade de mulheres grávidas causada por abortos clandestinos aumentou dramaticamente, tornando-se dez vezes mais alta que no resto da Europa. Em 1989 o aborto foi de novo legalizado quando pedido pela mulher, e a taxa de mortalidade de mulheres grávidas diminuiu drasticamente. Em contraste, a Holanda tem a taxa de aborto declarado mais baixa da Europa porque tem leis não restrictivas ao aborto, leis estas inseridas numa estrutura que inclui: educação sexual universal nas escolas, serviços de planeamento familiar de acesso fácil e fornecimento de contracepção de emergência. Dos 29,266 abortos realizados em 1997, a taxa de complicações no primeiro trimestre foi de 0,3%, e nenhuma resultou em morte."
Texto tirado do site https://www.womenonwaves. org/pt/page/380/safe-abortion- saves-women
Então o que eu peço é que divulguem essa ideia, protestem, pesquisem e falem com suas conhecidas e conhecidos. Mesmo você que esta ai super de boa qm não abortar também é responsável por essa causa porque é por nós. É PELA VIDA DAS MULHERES. E não se esqueça que:
" Companheira me ajuda que eu não posso andar só.
Eu sozinha ando bem,mas com VOCÊ ando MELHOR"