Ola mamães e mulheres em geral,
Nossa! UFA! Que saudade de escrever aqui no blog, sabe aquele mês que tudo acontece na sua vida, de bom e de ruim? Pois bem, eis que eu me encontro em uma situação onde celular e computador pifam, juntos, e começo em um emprego novo.Não vou perder mais tempo me explicando...enfim vamos direto ao que interessa.
Lá estava eu, em um dos milhares grupos de mães feministas que eu tenho. Até que uma postagem me chamou atenção. Não vou dizer o nome do grupo para não reconhecer a moça em questão , para preserva-la, afinal, o grupo a intensão é desabafar com segurança e assim será. Foi nesse grupo que encontrei o post de Janaina, uma mãe que estava desesperada e óbvio que o motivo tem tudo a ver com o machismo. A mesma vivia em um relacionamento abusivo, onde seu marido a humilha, deixa ela e seu filho passarem necessidades, e se ela falar em trabalhar faz escândalo. A mesma não tinha família próximo, ia pedir divórcio,mas tinha medo da “GUARDA COMPARTILHADA”.Ele a ameaçava de tirar o filho dela e tudo que muitas já sabem que eles fazem para nos manter presas a eles. O post dela era um clamor por ajuda e conselho. O que me fez questionar: “O que é guarda compartilhada”.
O Post de hoje é mais um relato da vida de mães separadas e o fruto da minha breve pesquisa sobre o assunto, então vamos a ele.
Para algumas mulheres parece simples sair de um relacionamento abusivo,mas situações como essas acontecem com freqüência e espero que com esse post acabe incentivando a mais mulheres a ajudarem a outras mulheres que estão nessa mesma situação. (Vamos a difícil tarefa de ter sororidade).
Pesquisando descobri que guarda compartilhada é algo recente, vem sendo mais usada desde 2014 (mais nova que minha pequena Lívia), e por ser recente ainda gera muita confusão, não só para os pais,mas também entre juízes e advogados. Muitas pessoas ainda confundem guarda compartilhada com convivência alternada, uma não necessariamente anula a outra,mas o objetivo é que se use mais a guarda compartilhada do que a convivência alternada. Já que pela lei o objetivo da Guarda compartilhada é que a responsabilidade sobre a vida da criança seja dividida igualmente, não necessariamente a residência tenha que alternar, ainda mais porque tem que se respeitar a melhor rotina, a que atende melhor as necessidades dos filhos (escola, brincadeiras, aulas extras e etc). Mesmo que a criança freqüente duas casas, o recomendável é que somente uma dela seja a fixa. Em casos onde os pais morem distantes um do outro, tudo tem que ser levado em conta, principalmente a questões como : Onde a criança já esta acostumada a estudar, quem vai ter mais tempo para ficar com os filhos, onde é mais seguro para eles e etc…
“Não se deve colocar ênfase na divisão de tempo. O espírito da guarda compartilhada é a coloboração entre os pais” - diz Gisele Groeninga psicanalista e doutora em Direito Civil pela Universidade de São Paulo
Bom. Até aqui esta tudo é bem bonito, mas... e na prática? Como é se separar na real mesmo? Pensando nisso fui em busca de mães para conversar, selecionei 3 mães que se proporam a falar sobre suas experiência.Porém dessas somente Erika vivia uma experiência legalmente de guarda compartilhada. Vamos a elas?
A primeira entrevista que eu fiz foi com a Mariana. Toda nossa conversa foi por facebook com áudios recheados com aquela doce voz de um menininho de pouco mais de 1 ano no fundo. Eu e Mariana temos muito em comum, ambas temos 25 anos, estamos cursando a faculdade e estávamos ainda quando ficamos grávidas de uma gravidez não planejada, de um relacionamento recente. Nem preciso dizer que logo de cara quis abraça-la e dizer “Sei bem como é irmã”. Não bastasse toda essa dificuldade, e ainda morar com a mãe. Mariana teve depressão pós parto (algo que nenhuma de nós esta imune e muitas sofrem e tem vergonha de dizer por medo do que vão falar) e se separou quando seu filho tinha ainda seis meses, devido a vivência difícil com a família e com a própria depressão.
Imagina o turbilhão de emoções. A mesma diz que entrou em estado de surto e que devido a isso as vezes dificultava o pai de ficar com o filho, mesmo que esse quisesse muito. Mariana me relata a primeira vez que seu filho dormiu na casa do pai, a apreensão que ela ficou, o medo de seu filho precisar dela e tudo mais, quando o pai não respondeu as suas mensagens ela entrou em pânico e acabou gerando um escândalo com ele, que o fez entrar na justiça, e nem comunicou a ela. Quando Mariana percebeu por onde o relacionamento estava caminhando e como isso poderia prejudicar seu filho, ela decidiu pedir ajuda e fazer tratamento. Muita coragem, admirável a consciência que algumas de nós tomamos de nós mesmas quando somos mães.
Esse processo começou em Janeiro. A situação chegou a um nivel tão serio que o pai da criança só queria ver o filho segurado pela lei, para não ficar a merce da vontade dela. Porém ela refletiu, foi conversar com a ex sogra, e hoje, ela ainda não foi chamada pela justiça e estão convivendo bem, onde de sábado para domingo ele passa com o pai e mais um dia alternativo.
Em todos os três casos as mães relatam a dificuldade em equilibrar o “eu mulher” e o “eu mãe”. Existe algo embutido na sociedade que depois que você se torna mãe, sua personalidade, seu eu, suas vontades morrem. É muito difícil para todas nós nadar contra essa corrente e essas mulheres são um exemplo para mim e para todas nós, como lutar e resistir. O caminho é difícil, por isso temos que nos unir e ajudar.
Noêmi mostra isso claramente quando diz na entrevista “ Depois do divórcio ou separação, a maior dificuldade foi superar o fim e entender que eu era mulher, precisava continuar vivendo.” A mesma relata que passou por muita insegurança, que teve que se impôr como mãe para que seu filho fosse criado de acordo com o que ela acredita ser o melhor para ele. O apoio da família e amigos nesse percurso foi fundamental diz ela: “Quando passei por isso, não tinha coragem de levar adiante por insegurança, dependência emocional e financeira. Minha família e meus amigos me motivaram a ser forte e isso é muito importante”.
A relação de dependência financeira é o principal fator que prende a mulher em um relacionamento, principalmente se desse relacionamento surgem filhos. Hoje o mercado de trabalho é completamente machista (capitalismo + machismo). Para uma mãe, principalmente de criança pequena, o tratamento que o mercado de trabalho da chega ser cruel depois que você diz que tem filhos (experiência própria). Também se põe na lista a questão de moradia, onde um kitnet, dependendo da região, chega ser 3x o preço do salário mínimo. E com quem deixar? Creche integral não custa menos que 700 reais e uma escolinha pública é quase tão difícil de entrar como um vestibular. Tudo isso pesa muito, porque a mulher mãe não pensa só nela mesma. Nossos filhos são os nossos “My precious” fazemos de tudo pelo bem estar deles. Muitos homens se valem disso, dizem que juiz nenhum vai dar guarda para quem não tem renda. Mas a analise da guarda compartilhada nunca fica somente na questão financeira, ainda mais que independente de com quem ficar a criança, ambos ainda são responsáveis financeiramente e emocionalmente pelos filhos. O que conta é sempre o afetivo, a responsabilidade, rotina e o tempo dos pais. O dado que temos hoje é que a maioria esmagadora dos casos a criança mora com a mãe. Então não deixem isso prender vocês mulheres.
Voltando para as entrevistas. Vamos falar sobre a Erika de Floripa. Dos casos ela é a única que legalmente vive um caso de guarda compartilhada.
A Erika é mãe de uma menininha de 3 anos. Chegou a morar junto com o pai da menina, que assim como a própria Erika, também é universitário. Segundo ela, graças a mesma, que o incentivou a começar a estudar e a largar o emprego, que ela mantinha as despesas da casa sozinha. Depois do fim de um relacionamento conturbado, onde depois da gravidez começaram a surgir muitas brigas e muito pouca ajuda da parte dele com os cuidados da filha, além de uma agresão do mesmo, veio a separação.A mesma tomou um prejuízo financeiro enorme com a venda do carro que era dos dois,mas quem pagou foi basicamente ela.
Após a separação, foi a própria Erika que insistiu pela guarda compartilhada, por querer que sua filha cresça com um pai, ainda presa naquele ideal de que para se ter uma família feliz, tem que se ter um pai e uma mãe. A mesma também não contava que o descaso dele com a própria filha seria tão grande. Ele vive em uma república nada segura, que tem um entra e sai de pessoas desconhecidas sempre, as vezes ele sai e deixa sua filha com terceiros, sem comunicar a Erika. Quando a menina esta com a mãe, o mesmo não liga para saber como ela esta,não vai a reuniões escolares, além de não dar nenhum centavo a mais do que foi acordado, nem que seja uma questão de necessidade, chegando muitas vezes a atrasar o pagamento da pensão.
A minha entrevista com a Erika foi quase um desabafo. Ela tem uma força incrível, pesquisou tudo para pedir guarda compartilhada e sabia mais do que o próprio advogado. Hoje, reúne todas as provas possiveis , grava e-mails e ligações para pedir a guarda unilateral, procura uma advogada mulher para defender o seu caso melhor, já que hoje, o pai diz que não vai desfazer o acordo de guarda compartilhada, diferente do início. Erika me relatou muito mais coisas que são absurdas e horríveis da parte dele, mas para preserva-la, preferi deixar muitas coisas piores em segredo.
Concluindo. Na teoria, a guarda compartilhada serve para pais e mães que REALMENTE amam os filhos e querem viver com eles e ver o seu bem. Para pais conscientes, mas o machismo, os homens inescrupulosos, ainda fazem uso da lei para prender e ameaçar as mulheres.
E o feminismo? Ai surge o meu questionamento. Onde Erika e Mariana me apresentaram dois lados de um mesmo movimento. O mesmo movimento que empodera mulheres e luta pela sua liberdade, também exclui as mães que não se sentem acolhidas e representadas dentro do movimento. Onde Erika, que mora em Floripa, tem uma rotina bastante corrida e não conhece muitos coletivos de mães na sua região e nem se sente acolhida em outros coletivos de não mães, onde sua vivencia não é compreendida inteiramente. Nos mostra uma verdade que ainda precisamos crescer, espalhar nossas ideias, expandir e que ainda estamos caminhando a passos curtos. Que ainda existem inúmeras situações e questionamentos que não estão sendo feitos e que ainda vivemos um movimento muito restrito, tanto em questão social como em regional.
Por fim, fica meu apelo meninas. Ajudem, participem e para as que não são mães, não julguem outras mães, escutem e aprendam. No geral vamos dar força e ser fortes para não viver nunca, independente da situação, um relacionamento abusivo, e caso seja, para ter força para sair (nenhuma de nós esta imune).
Caso vocês precisem de ajuda, conheço vários grupos de ajuda mutua entre mães, só não vou dizer o nome assim em aberto,para evitar hates machistas,mas podem deixar no comentários que eu respondo por e-mail.
Esse post dedico para as minhas 3 novas irmãs (Mariana, Noêmia e Erika) e para a inspiração desse post, que eu perdi o contato, Janaína. Obrigada, vocês me ensinaram muito, desculpem a demora e se eu não consegui relatar o que vocês vivem com a grandeza que vocês merecem. Muito obrigada.
Beijos meninas e comentem. Prometo postar mais recorrente (já tem outros post escritos) e vou relatar depois como esta minha rotina agora. Até a próxima.
Oi Silvia gostei muito do texto é me interessa muito sobre o grupo, meu email é nandapf2005@gmail.com
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ResponderExcluirOi gostei muito do post por favor me manda um email quero participar do grupo
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